A chuv
O Tigre-de-suma tra ca minha a lheio a tudo isto movendo-se ca lma mente entre a vegeta ção, sem esforço, sem um único ruído, e, hoje, sem presta r a tenção a toda esta a gita ção. Sente-se triste. O vea do da sua última ca ça da não compensou este va zio, que vem do estôma go ma s não é fome. Bem sa be que é um a nima l solitário, no enta nto, sente-se terrivelmente sozinho. Nem os seus cha ma mentos longos o têm a juda do a encontra r uma fêmea , e se a ouve responder a o longe encontra sempre uma estra da que lhe ba rra a pa ssa gem. Não gosta de a tra vessa r a queles ca minhos la rgos por onde pa ssa m a quela s máquina s de meta l e onde fica exposto e frágil.
Ao encontra r uma cria de Ora ngota ngo-de-suma tra a brinca r no chão da floresta , a proxima -se ca uteloso, não quer a ssustá-la , procura a pena s compa nhia . Ma s o ma cho de ora ngota ngo encontra -se por perto e a fa sta o tigre com uma a titude a mea ça dora , usa ndo o seu longo pêlo pa ra pa recer ma ior do que rea lmente é.
Estr
A c
Ao ouvir um ca sa l de Sia ma ngos num belo dueto voca l, sentiu a inda ma is a fa lta de uma fêmea . Pediu-lhes que ca nta ssem a sua solidão pela floresta porque esta noite não queria esta r sozinho. Deitou-se a pático numa cla reira recém-forma da pela fúria da s disputa s de a ca sa la mento dos Rinocerontes-de-suma tra .
Consegue perceber que há
O Ca la u-de-elmo-preguea do vem a compa nha do da sua pa rceira , vestidos a rigor pa ra esta noite, ele com a pele da ga rga nta a ma relo vivo, a dela de um a zul luzidio, a mbos de olhos vermelhos rubi. Tra zem consigo uma cria que fa z a sua primeira a pa rição pública . Os ca la us conta m como tivera m de a ba ndona r o ninho que já usa va m há ta ntos a nos porque no a no pa ssa do fora m descobertos e sa quea dos por huma nos.
E a ssim fora m chega ndo vários a nima is, queria m a nima r o Rei Tigre, o defensor da floresta .
Ma s o que ha veria de ser o ja nta r de um grupo de a nima is tão diverso? Ca lhou ra flésia no menu. Com a sua flor de ma is de um metro de diâmetro a limenta ria fa cilmente os herbívoros e os ca rnívoros deixa r-se-ia m enga na r pelo seu cheiro a ca rne putrefa cta .
Ainda ma l os a nima is tinha m começa do a comer e um a butre-do-egipt o entra desa stra do tenta ndo pa ssa r pelo meio dos ra mos da s árvores. Via -se mesmo que não esta va ha bitua do a este tipo de a mbiente. Tinha -se perdido dura nte a sua migra ção da Europa pa ra África . “Venho todo zonzo. De certeza que a quela ovelha que comi a ntes de pa rtir esta va cheia da queles medica mentos que os pa stores dão a os a nima is. Já vi muitos da minha espécie morrer por ca usa disso e do veneno que às vezes deixa m na s ca rca ça s.”
As conversa s e rela tos sucedem-se na cla reira enqua nto a noite a va nça .
“Nem mesmo nos rios esta mos a sa lvo.”, refere a ta rta ruga -espinhosa . “A poluição e o corte da s árvores em vária s pa rtes da floresta estão a destruir o meu ha bita t. E a té já ouvi dizer que nos a pa nha m porque a cha m que servimos pa ra cura r doença s.”
A fa mília de Gibões-de-mãos-bra nca s revela que a lguns dos seus a migos fora m ca pt ura dos pa ra servir de refeição nos resta ura ntes da s cida des.
“Aa a a hhhh!”, excla ma m horroriza dos.
Os a nima is na cla reira surpreendem-se a o ver a pa recer uma estra nha cria tura , uma Ta rta ruga -de-pescoço-comprido-de-roti. Tinha sido ca pt ura da na ilha de Roti pa ra ser a nima l de compa nhia , ma s os ra pt ores com medo de serem a pa nha dos com uma espécie tão ra ra a ba ndona ra m-na a li, na ilha de Suma tra .
Como uma surpresa nunca vem só, o ga to-pesca dor deixou os conviva s de boca a berta . Já tinha m ouvido dizer que ele vivia na ilha ma s nunca ninguém o tinha visto. Entrou na cla reira ca bisba ixo, coxea ndo, tinha sido a pa nha do numa a rma dilha deixa da pelos pesca dores que não gosta m de competição pelo mesmo a limento.
Como um
Atra ído pelo cheiro da refeição putrefa cta surge um Dra gão-de-komodo, com uma língua bífida a detecta r os seus odores preferidos, e a sa liva r ba ctéria s e toxina s.
Ninguém sa be como a pa receu a li. Não deveria esta r na ilha de Komodo? Tenta comer os restos de ra flésia ma s percebe que foi enga na do. Ainda pensa a ta ca r o a nima l ma is próximo ma s a presença do tigre fá-lo muda r de ideia s e pa rte tão misteriosa mente como a pa receu.
Um esvoa ça r a gita do interrompe a conversa e vêem pera nte eles uma Ma iná-do-ba li, esgota da de um voo a flito. O seu pa rceiro e os seus ovos tinha m sido ca pt ura dos, mesmo dentro do pa rque onde lhe prometera m que esta ria a sa lvo. Na quele momento só lhe ocorrera fugir ma s a gora já não tinha energia pa ra via ja r ma is.
O a butre usa da pa la vra : “Tenho boa s notícia s pa ra todos vós. Lá na Europa , de onde eu venho, existe um grupo de pessoa s muito empenha da s em sa lva r os a nima is que vivem nesta s ilha s da Indonésia e noutros loca is deste sudeste a siático.”
No fina l de uma noite tão a gra dável, que deixa ra o tigre bem ma is feliz do que nos últimos dia s, a inda ha veria espa ço pa ra ma is uma surpresa inespera da . Ao verem a fêmea de tigre entra r na cla reira , os a nima is sorrira m e a fa sta ra m-se silenciosa mente. Era a vez dos tigres se junta rem num dueto de rugidos ecoa ndo pela floresta .
No fin