Era
uma vez um pavão, muito fanfarrão, que se lembrou de organizar um gigantesco
Baile de Máscaras. O pavão, na sua grande mansão, quis convidar muitos animais
engraçados para um concurso de mascarados. Estava convencido que o seu vestido
seria o mais belo que alguma vez se vira.
Andava há vários meses a deixar
crescer as penas da cauda, magníficas com o seu brilho metálico, estonteantes
com os seus ocelos, como se de verdadeiros olhos se tratassem. Queria enfrentar
o seu primo, que o destino fadara a ser todo branco. Queria mostrar-lhe que as
suas cores viçosas eram mais atrativas que as longas penas brancas que o primo
arrastava pelo chão como os vestidos das noivas que tiravam fotografias no seu
jardim. Mas a verdade é que a simpatia do primo dava cor à sua brancura e o
tornava querido entre os demais.
Para se salvaguardar da
concorrência, o pavão fanfarrão teve muito cuidado ao escolher os seus
convidados. Estava convencido que era o mais belo, mas não gostava de correr
riscos.
A primeira a chegar foi a
osga-moura mas ninguém a viu toda a noite, tão bem camuflada estava na
ombreira da porta. Só o besouro-dourado
se apercebeu da sua presença e ficou castanho de susto depois de escapar por um
triz à sua língua. A zebra trazia um fato de
presidiário e vinha acompanhada do mutum-de-capacete convencido de que estaria
bem disfarçado de agente da autoridade. A pantera-negra tentou chegar
discretamente como um ninja mas tropeçou numa pedra, que afinal era uma
tartaruga-mordedora completamente imóvel à entrada da mansão.
O guaxinim de mascarilha ria-se da
situação, mas logo se apercebeu que não ganharia o concurso quando viu o
panda-vermelho chegar com um disfarce tão parecido com o seu. Os animais foram chegando e
entrando, e juntaram-se à festa. O rinoceronte-indiano era um cavaleiro com a
sua armadura, o leão com uma juba de estrela pop, a chita de jogador de futebol
americano, até a pitão-reticulada enroscada à volta do pescoço de uma girafa
não parecia mais do que um cachecol.
O prémio dessa noite poderia ser
para o camaleão que chegou singelo no seu tom verde seco mas que a cada passo
de dança ganhava uma nova cor ou um padrão diferente. Só não conseguiu imitar o azul
metálico do pavão fanfarrão que ganhou o concurso por ser dono da mansão.