Confusão na Páscoa

O Pedro chegou da escola muito contente, tinha aprendido tantas coisas novas sobre os animais que mal podia esperar que a família estivesse toda reunida para falar com eles sobre isso.
A felicidade aumentou ainda mais quando a mãe lhe contou que tinha uma surpresa para ele. Como adorava surpresas!
Mas ficou muito confuso quando a mãe, ao desvendar a surpresa, lhe disse que o Coelhinho da Páscoa lhe tinha deixado um ovo.
Claro que ele já conhecia o Coelhinho da Páscoa e já tinha, em anos anteriores, comido os ovos de chocolate deixados por ele. Mas também sabia que nenhum animal punha ovos de chocolate. Uns eram gelatinosos, outros tinham casca, uns com cálcio, outros sem, … mas de chocolate, nenhum!
Porém, o que lhe estava mesmo a fazer confusão era a relação entre o coelho e o ovo. Ora, se o coelho é um mamífero e nasce da barriga da mãe, conforme aprendeu hoje na escola, e um ovo com aquele formato só podia ser de uma ave, como é que o Coelhinho da Páscoa se lembrou de começar a trazer ovos aos meninos?
Talvez vivesse numa quinta com umas galinhas e se tivesse lembrado de roubar alguns para oferecer de presente, mas isto não era lá muito bonito para se ensinar aos meninos.
Depois lembrou-se que a professora tinha falado nuns mamíferos que eram ovíparos, que nasciam de ovos, em vez de serem vivíparos como os restantes. Foi a correr ao caderno diário procurar os nomes - ornitorrinco e equidna  - eram realmente muito difíceis para ele os ter decorado à primeira.
Pegou na sua enciclopédia e procurou imagens destes animais, mas ficou um pouco desiludido, não tinham a mínima semelhança com um coelho que pudesse justificar a confusão.
Ao vê-lo tão calado e com aquele ar de quem está intrigado com alguma coisa, a mãe perguntou-lhe o que se passava.
-     Oh mãe, não percebo porque é que é um coelho a trazer os ovos na Páscoa. Isso não faz sentido nenhum!
A mãe sorriu complacente, sabia que havia nele um espírito de cientista nascente, e explicou:
-     É uma tradição antiga, muito anterior ao Cristianismo e à Páscoa, que começou por usar coelhos ou lebres e, mais recentemente, ovos, como símbolos de fertilidade.
Perante a cara cada vez mais confusa do Pedro, a mãe simplificou:
-     Lembras-te dos coelhos da avó, que têm sempre muitos filhotes? Significa que a vida deles vai continuar nos seus filhos, netos, bisnetos, e por aí fora. Como estas festas com os coelhos aconteciam no início da Primavera, e como a Páscoa acontece mais ou menos na mesma altura, os Cristãos juntaram as duas festas numa só.
-     Então e os ovos? - perguntou o Pedro.
-     Primeiro começaram por ser ovos pintados como fazias no infantário, lembras-te? Depois as fábricas de chocolate descobriram que podiam fazer muito dinheiro com os meninos gulosos. - sorriu a mãe.
-     E que bela ideia! - gargalhou o Pedro enquanto comia satisfeito o seu Ovo da Páscoa.
Este Domingo podes vir ao Jardim Zoológico e partir numa aventura em busca dos ovos escondidos!