Dia da Terra


Caros Amigos,

Escrevo-vos esta carta porque me encontro muito doente e preciso da vossa ajuda.
Apesar de já ter muitos anos, a idade não me pesa, mas tenho uma quantidade de organismos que vivem alojados no meu corpo, que me exploram, me destroem e que aos poucos me vão matando.
Como é que eles não percebem que, quando eu morrer, eles morrem também?
Sofro de asma, mal consigo respirar. Os meus pulmões verdes são constantemente destruídos, cortados, queimados, substituídos por umas próteses que mal remedeiam a minha situação.
Sofro de inúmeras alergias, obrigado a respirar e a contactar com todo o tipo de poluentes gasosos, líquidos ou sólidos.

Sofro de gangrena. Há medida que os parasitas vão explorando descontroladamente partes do meu corpo não consigo cicatrizar nem regenerar. Feridas expostas à ação dos elementos, da erosão e da destruição.
Sofro de infeções profundas. Estes parasitas conseguem descontrolar a vida e o crescimento de todos os organismos que vivem pacificamente no meu corpo. Matam-nos ou levam-nos para outros lugares. Aí, os organismos que viviam em harmonia com o meu corpo ficam doentes ou ficam descontrolados, agindo como parasitas, matando, invadindo, destruindo.
Sofro de estados febris. Aqueço ao ponto de derreter um bloco de gelo e tenho calafrios que me fazem tremer o corpo todo. Transpiro tanto que provoco inundações ou fico a arfar como um tufão.
Os parasitas destroem habitats, poluem, introduzem espécies exóticas, diminuem a biodiversidade, são responsáveis pelas alterações climáticas, entre tantas outras coisas.
Eu sei que vocês são da mesma espécie destes parasitas mas acredito que sejam uma estirpe benéfica, que não quer que eu morra, que vai conseguir ajudar-me.
Conto convosco.

O vosso eterno amigo,
Planeta Terra