O S. Martinho já lá vai, mas as castanhas
ficaram, não fossem elas o fruto mais característico do outono.
Hoje em dia escolhemos esta altura do ano
para comer a castanha: crua, assada ou cozida. Também a encontramos nalguns
pratos mais requintados, inteira ou em puré. Mas a castanha foi, desde a
pré-história, um alimento muito importante na alimentação humana.
Ela é uma semente com bastantes reservas,
compostas sobretudo de amido. Aliás, tem muito mais amido que as batatas, e substituía
o pão sempre que este escasseava. Pode mesmo ser convertida em farinha.
As castanhas, entre duas a quatro, estão
encerradas dentro de um ouriço, o fruto do castanheiro, que lembrando o
ouriço-do-mar ou o ouriço-cacheiro está cheio de espinhos afiados que protegem
as sementes no seu interior.
Não é uma espécie nativa de Portugal,
embora esteja muito presente no norte e centro do país. Poderá ter tido origem
na Turquia, mas desde a pré-história que é amplamente cultivada nas regiões temperadas.
Forma soutos quando criada em povoamentos abertos para produção de castanha, se
os povoamentos tiverem grande densidade de árvores para produção de lenha serão
castinçais.
Os castanheiros acima referidos são os
europeus – Castanea sativa –, da mesma família dos carvalhos, em
oposição ao castanheiro-da-índia (Aesculus hippocastanum), originário
dos Balcãs, e da família dos bordos.
O castanheiro-da-índia é plantado em
Portugal como ornamental. Os seus frutos também são ouriços, com muito menos
espinhos e menos afiados, e as sementes são castanhas, mas estas são tóxicas.
Para distinguir as duas espécies quando não
têm frutos usam-se as folhas, ambas serrilhadas: no castanheiro são simples com
formato de ferro de lança; no castanheiro-da-índia são digitadas com cinco a
nove folíolos ovados.
Sobre o nome científico do castanheiro,
facilmente percebemos que Castanea está relacionada com castanha ou
castanheiro. Por sua vez, sativa significa cultivada.