COMÉRCIO ILEGAL DE ESPÉCIES EXÓTICAS | OVOS

O tráfico de animais é um dos principais problemas que as espécies enfrentam e que as coloca num estatuto delicado de vulnerabilidade, perigo ou mesmo extinção em habitat natural. O comércio de ovos, produtos ou animais exóticos e por vezes a movimentação dos mesmos é proibido e está contemplado num conjunto de leis aprovadas internacionalmente denominado por CITES - Convenção sobre o Comércio Internacional de espécies da Fauna e da Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção.

Grande parte dos psitacideos - papagaios, araras, catatuas - estão ao abrigo dessas leis internacionais. Todas as entidades alfandegárias conhecem estas leis e aplicam-nas sempre que encontrada uma irregularidade.
A Origem
Os animais recebidos no Jardim Zoológico provêm principalmente do Brasil ou de países africanos. Do Brasil os animais são traficados ainda em ovo, sendo que dos países africanos já nos chegam crias.

As origens do tráfico estão intimamente relacionadas com as relações que existem entre os diferentes países. Portugal recebe um número grande de pessoas provenientes do Brasil e de países africanos. Torna-se mais fácil proceder às operações de tráfico quando o fluxo de pessoas é grande.

Apesar das espécies chegarem a Portugal, é reconhecido que o nosso país é apenas uma porta de entrada do tráfico para a europa. Não há o objectivo de vender as aves e os produtos em Portugal mas sim leva-los para outros países.
Como agem os traficantes?
Os traficantes têm grande conhecimento técnico em ovos e reprodução. Têm ainda bons equipamentos para monitorização e preservação dos ovos que traficam. 

Os carros que vão para o meio da floresta têm incubadoras uma vez que os traficantes reconhecem a necessidade de manter os ovos a uma determinada temperatura para não colocar em causa a  sua viabilidade. Outros equipamentos que dispõem são ovoscópios para perceber se os ovos estão fecundados. Como prova deste controlo prévio está o facto do Jardim Zoológico nunca ter recebido ovos sem embrião.

Os ovos são traficados junto ao corpo para que mantenham a temperatura desejada. Uma das técnicas utilizadas passa por prender os ovos com collants em torno da barriga.

O sucesso de incubação dos ovos traficados é de cerca de 70%. Esse sucesso poderá ser explicado pelo facto dos traficantes terem todos os equipamentos necessários para verificar a viabilidade dos ovos e também porque apenas traficam ovos na fase final da incubação, quando o embrião já está mais desenvolvido e é mais resistente a qualquer alteração de temperatura ou condições do meio.
Colaboração
A colaboração do Jardim Zoológico no processo de apreensão começa muitas vezes com o simples apoio para a identificação dos materiais e espécies suspeitas.

Após identificação de que estamos perante uma espécie proibida, as entidades fiscalizadoras entregam os animais ao ICNF - Instituto da Conservação da Natureza e Florestas - que fica responsável pelas mesmas e que irá definir os próximos passos.

O Jardim Zoológico tem um acordo com o ICNF e fornece apoio na incubação dos ovos e posterior cuidado dos animais, sempre que solicitado.


Todas as espécies exóticas, para serem comercializadas, necessitam de um certificado CITES que garante ao comprador que estes animais nasceram num centro de  criação e não foram retiradas do habitat natural. As autoridades certificam os criadores