“Para mim ser tratador, significa antes de mais nada, ter
respeito pela vida. Ser tratador de animais, selvagens ou não, pressupõe ter
sensibilidade e bom senso, pois tratar não significa só dar comida ou água ,
significa também, limpar e manter as instalações onde vivem os animais,
adequadas às espécies que as habitam. Todos os dias temos que observar o comportamento
para ver se é o natural da espécie e perceber
quais as preferências alimentares, isto para garantir que tudo corre bem, se
pelo contrário percebermos que algo está errado, é necessário tomar providências. No caso dos répteis, os
animais que trato, isto é muito importante.
Ter bom senso para não colocarmos em risco nem o público,
nem a nós próprios e, claro, nem os animais, pois por vezes a rotina pode fazer
com que facilitemos alguns possíveis acidentes, temos que ter sempre em mente
que por mais que gostemos de animais e pensarmos que os conhecemos, alguns
podem ser bastante perigosos, sendo que todos são imprevisíveis.
Para mim todos os dias são de
aprendizagem, que se pode partilhar com colegas ou com crianças em sessões
pedagógicas, escolas, ATL e em entrevistas. Ser tratador é também ter
curiosidade pelas características e comportamentos peculiares das várias
espécies, fazer os possíveis para que se reproduzam e se sintam “em casa” sob
cuidados humanos, para que o Jardim Zoológico seja sempre um local de eleição, ,
onde acredito que se aprende muito e se desmistificam algumas ideias
pré-concebidas sobre estes animais, os répteis. As funções de tratador são por
tudo isto, muitas e variadas, como manter os registos, fazer enriquecimento ambiental,
informar veterinários e curadoria sempre que necessário.
Para além de tudo o resto, tentamos sempre melhorar as
condições dos animais, fazendo sempre que possível, atualizações nas instalações
para o bem estar animal.
Escrito por Paulo Sérgio Silva
Tratador no Jardim Zoológico de Lisboa desde 1999,
desde 2007 trabalha no Reptilário.