Já alguma vez entraste numa casa desabitada há muito
tempo?
Desabitada... quer dizer... desabitada por pessoas,
porque entretanto outros habitantes tomaram o seu lugar.
E alguns destes novos habitantes aproveitam para mudar
a decoração da casa, enchendo-a de cortinas sedosas.
Quando entramos, pegam-se aos cabelos e fazem-nos
cócegas na cara, e começamos uma pequena luta para nos livrarmos dos fios das
teias de aranha.
Também quando passeamos pela floresta encontramos
várias teias. Por vezes nem as vemos, só damos por elas porque se colaram ao
nosso corpo.
Mas a teia da aranha-de-darwin (Caerostris darwini)
não passa despercebida, pode medir 25 metros – é mais comprida do que dois
autocarros juntos!
Esta aranha de Madagáscar é a única capaz de construir
teias que vão de uma margem à outra do rio, mas os cientistas ainda não
conseguiram descobrir como é que ela o faz. Embora seja fácil perceber, que
perante um investimento tão grande ela não desmanche e refaça a teia todos os
dias, como outras aranhas de teias redondas (o formato que melhor conhecemos).
Durante os vários dias em que mantém e repara a sua
teia, cujo centro pode ter 2,8 metros quadrados de área, a aranha-de-darwin
pode caçar inúmeros insectos – até 30 de uma vez.
Apesar da sua capacidade para criar um teia tão
grande, os três centímetros de comprimento da aranha-de-darwin (no máximo dois,
se for um macho) estão ainda muito longe dos 12 centímetros do corpo da
tarântula-golias.
Esta é, não só a maior teia orbicular do mundo, como
também o material biológico mais forte encontrado. O seu fio é dez vezes mais
resistente do que o fio de Kevlar, usado no fabrico de coletes à prova de bala
ou de cintos de segurança. O próprio fio sintético de Kevlar é sete vezes mais
resistente que o aço.
Os cientistas acreditam na coevolução das várias
características da teia – forma de construção, habitat e resistência mecânica –
à medida que a aranha-de-darwin ia ocupando um nicho ecológico diferente das
restantes aranhas.
Esta aranha, recebeu o seu nome em homenagem a Charles
Darwin, precisamente 150 anos depois da publicação do livro “A Origem das
Espécies”, no dia 24 de Novembro de 2009. E nós decidimos apresentar-ta no 205º
aniversário do nascimento de Darwin.