Esta espécie é uma das protagonistas da campanha “Quebra o Silêncio”, desenvolvida em parceria com a EAZA (Associação Europeia de Zoos e Aquários), que consciencializa para a eminente extinção das aves de canto e procura criar condições para a futura reintrodução no habitat natural.
O
Jardim Zoológico dá continuidade a uma das suas principais missões: a
reprodução de espécies em perigo, celebrando o nascimento de uma pequena cria
de Mainá-do-bali (Leucopsar rothschildi).
Como
o próprio nome indica, o Mainá-do-bali é uma ave natural de Bali e, atualmente,
é encontrada apenas na Reserva Natural de Barat. É uma espécie que se encontra
Criticamente em Perigo de extinção, segundo a UICN (União Internacional para a
Conservação da Natureza), uma vez que é alvo do impacto da desflorestação e,
sobretudo, da captura ilegal para o comércio de aves.
Segundo
dados das Nações Unidas e da INTERPOL, o tráfico de animais selvagens é o 4º
negócio ilegal mais lucrativo do mundo, representando cerca de 223 mil milhões
de euros anuais, e as aves são o seu principal alvo de transação. A nível
mundial, a Indonésia é o local com maior número de espécies endémicas e cerca
de 850 espécies diferentes de aves, sendo reconhecida como hotspot de
biodiversidade e habitat com uma das taxas mais elevadas de aves ameaçadas de
extinção no mundo.
“Este
nascimento tem um valor incalculável para o Jardim Zoológico, uma vez que foi a
primeira reprodução de sucesso desta espécie de ave, desde o início dos anos 80,
altura em que a acolhemos. A sua reprodução foi cuidadosamente pensada, o casal
que deu origem à cria – um macho da Dinamarca e uma fêmea da Alemanha - foi
trazido para Portugal depois de ter sido minuciosamente avaliado. Esta
avaliação é feita para que seja possível formar-se potenciais pares da espécie,
de modo a reproduzirem e serem reintroduzidos no seu habitat natural, na
Indonésia, e reforçar a população in situ.”, afirmou Telma Araújo,
Curadora de Aves do Jardim Zoológico.
A
ave Mainá-do-bali é símbolo de elevado estatuto social na Indonésia. A plumagem
é predominantemente branca, mas negra na extremidade das asas e na cauda. Exibe
uma crista branca, ligeiramente maior no macho, e apresenta pele azul na zona
periocular (em torno dos olhos), bem visível. Alimenta-se de sementes, frutos e
insetos que procura nas árvores, mas também no solo. É uma ave residente, mas
fora da época de nidificação, prefere a orla das florestas e savanas inundadas.
É uma espécie monogâmica, os elementos do casal realizam exibições e cuidados
mútuos com a plumagem. Os progenitores alimentam as suas crias durante mais 7
semanas após a saída do ninho. Em geral, apenas uma cria sobrevive em cada
postura.
A
população total de Mainás-do-bali em estado selvagem está em franco declínio,
no limiar da extinção. Estima-se que não sobrevivam mais de 50 destas aves na
Natureza, sendo que nos últimos anos, essa população tem vindo a ser mantida
apenas pela introdução de animais nascidos em parques
zoológicos ou reservas e santuários. A
sobrevivência do Mainá-do-bali depende totalmente da sua reprodução sob
cuidados humanos, da reintrodução desses indivíduos no habitat natural, e da
manutenção de áreas sustentáveis para a sua sobrevivência em estado selvagem.
Muitos são os esforços pelo mundo fora para salvaguardar e possibilitar a continuidade desta espécie. Cerca de 100 instituições na Europa abrigam o Mainá-do-bali e trabalham em cooperação para a reprodução destes animais. Na Indonésia, o seu país de origem, a ONG Friends of the National Parks Foundation (FNPF) tem vindo a trabalhar na proteção destas aves face à caça e captura ilegal, incluindo através da criação de santuários. Foram criados programas de reflorestação que ajudam a restaurar o habitat do Mainá-do-bali e ações de desenvolvimento comunitário que são vitais para garantir que a população local entenda a importância de proteger esta espécie, bem como outras aves daquela região ameaçadas de extinção.
O
Jardim Zoológico participa na campanha de conservação da EAZA (Associação
Europeia de Zoos e Aquários), “Quebra o Silêncio – Pelas Aves de Canto”, há 1
ano. Neste curto período alcançaram-se resultados muito significativos, que
contribuirão diretamente para a conservação da espécie no habitat natural. Já o
estabelecimento de um novo casal, e o nascimento de uma cria são o maior dos
sucessos tanto para o Jardim Zoológico como para a espécie.
Quando
a sobrevivência de uma espécie depende da reintrodução de animais na Natureza,
o nascimento de novas crias é o maior contributo possível para a sua conservação. E o papel dos Jardins
Zoológicos, fundamental para esse objetivo comum.
Venha
conhecer a nova cria de Mainá-do-bali e ajude o Zoo a levar a beleza do seu
canto pelo mundo fora, através da sua visita e participação na campanha “Quebra
o Silêncio – Pelas Aves de Canto”.